junho 29, 2013

Los Olvidados Buñuel

Uma dessas pérolas do século passado será com certeza Los Olvidados de Buñuel. Não terá sido apenas pela tentativa de acompanhar o neo-realismo italiano dos anos 40, mas sim, e para além disso, por trazer para o cinema uma visão mais provocante e sombria sobre a desumanização provocada pela pobreza através das maldades perpetradas pelas crianças, que mais não são do que vitimas da miséria que lhes abraça e, no fundo, reflexo da dureza do mundo adulto. A capacidade provocatória da confrontação intima desse mundo pobre sob o espectador é logo dada no início do filme com o close-up de um menino de cabelo e rosto sujos que bufa feito um touro para a câmara, ou quando Pedro atira um ovo directamente para a câmara.
Então paralelamente à questão sociológica, Los Olvidados apresenta-se também como uma extensão da estética surrealista de Buñuel, que encorpa o uso da psicologia freudiana, o uso simbólico dos animais e o uso assombroso da câmara lenta que tem o seu momento maior na sequência do sonho do menino, o que me leva a acreditar o quão brilhante, em termos dessa estética surrealista, poderia ser este filme se Buñuel tivesse integrado todas as sequências que supostamente fez e que por razões de produção não terão sido integradas.

1 comentário:

  1. Foi o meu cartão de visita para o cinema de Bunuel e fiquei logo rendido. Excelente realizador.

    Desconhecia as sequências que ficaramd e fora, apenas vi um final alternativo.

    Abraço

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