março 08, 2013

O psicopata de Hitchcock


Falei há tempos do terror por meio da personagem-caricatura de mal, isto para dar significado à multiplicidade do objecto do género. O terror apareceu com o nascimento destas personagens míticas e toda a sua envolvência mística. Mais tarde apareceu a natureza com suas gigantes criaturas, seres de outros planetas, mutação da raça humana e a perversão fácil dos serial killers das massas como Freddy, Jason, Michael e Leatherface. Porém, há ainda essa espécie de terror que usa a máscara do homem comum para esconder a verdadeira face obscura e traumatizada que dá corpo ao que se pode entender por loucura e que resulta no retrato do psicopata.

Norman Bates é um psicopata. Ele vive em função de estranhas obsessões resultantes de traumas da juventude, tal Ed Gein, e acrescenta ao horror das suas opções, a negação da morte da mãe preservando física e materialmente nele próprio a continuação da sua vida, que obviamente não passa de um embuste. É nesta complexidade que está mergulhada a existência de Norman Bates que não distingue o que é moralmente correcto ou errado vivendo num labirinto de hábitos macabros e verdades subvertidas, pois é disto que os psicopatas são feitos.

E é para este universo que Hitchcock nos conduz. Mesmo que do lado do psicopata esteja uma pessoa aparentemente simples, simpática e inofensiva, ele não é por isso menos perigoso e Hitchcock faz desta personagem e deste caso um filme de terror. Cada plano e cada lance de imagem desperta um mistério que vamos deslindando à medida que o psicopata se revela como naquele buraco na parede por onde ele espreita, naquela morte prematura e cruel no chuveiro, no motel imutável com os bichos embalsamados ou naquela casa assombrada onde reside o derradeiro segredo. Ao longo do filme, vamos ganhando consciência sobre o pesadelo deste psicopata, mas a verdade é que no final vemos que não estamos preparados para a revelação bizarra de Norman Bates.
Este filme de Hitchcock é um exemplo da sua tenacidade e coragem. Em Psycho, ele fez-nos ouvir o medo e deu-nos um susto para onde olharmos. Em grande plano.

1 comentário:

  1. O Bates tornou-se realmente um dos vilões mais icónicos do cinema a par com Hannibal Lecter. Ainsa se aproveitou a personagem para uma data de sequelas, mas nunca as vi, dizem que são mutio dispensáveis.

    Não conhecia o blog, é muito interessante abraço.

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